Nós
- Camila Battaglia

- 2 de ago. de 2020
- 2 min de leitura

Às vezes, a gente se perde. Têm dias que o coração aperta tanto que respirar parece ser a pior coisa a se fazer. Às vezes, o chão fica tão fundo que você tem medo de pisar e não aguentar firme o seu próprio peso. Têm dias que o descontrole é tão forte que chorar como um bebê é a atitude mais reconfortante que você pode ter. Às vezes, os lugares para onde você vai se tornam uma roda de correr dentro de uma gaiola. Você vai, mas se sente no mesmo ambiente, com as mesmas angústias e a mesma ansiedade.
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Às vezes, a gente se perde. Têm dias que a nossa vida inteira não faz o menor sentido porque o passado foi um erro, o futuro é distante e o presente é o espaço mais caótico e sem saída que você conhece.
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Mas, às vezes, eu me pego vendo uns vídeos do Porchat viajando pelo mundo – sim, o comediante. Ele não viaja para conhecer os cartões postais, ele vê histórias. Lugares que carregam especialidades tão curiosas que você esquece por alguns minutos da sua realidade e viaja naquela esquisitice terrestre.
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Essa experiência transcendental sempre me faz pensar o quanto eu sou pequena. O quanto o mundo lá fora é imenso e grande o suficiente para carregar com ele um milhão ou, possivelmente, um trilhão de sensações capazes de tirar qualquer pessoa desse lugar egocêntrico. Um lugar bem parecido com um fundo do poço onde nós entramos e acreditamos que nossos problemas são exatamente o fim do mundo inteiro, de tudo o que fomos ou de tudo que somos.
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Ei, ervilha. Se situa!
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Nós somos apenas grãozinhos de areia. Somos capazes de sentir dor sim, mas também somos capazes de sentir todo o restante. Às vezes, a gente só precisa de um certo vlog de viagem para lembrar que a vida é muito maior do que a dor.
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Então se você se sente no fundo de um poço, quero te dizer que ele fica na Terra, em um país, um bairro e, provavelmente, em uma rua. Ele é tão pequeno em relação à grandiosidade do planeta que, se você conseguir ver isso também, vai perceber que seu problema é outro grão de areia. Além disso, vai conseguir enxergar que é a consciência do seu lugar no mundo o que realmente vai te fazer ser livre.
(foto e texto: @camilabattaglia )







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