Saudade do acaso
- Camila Battaglia
- 10 de set. de 2020
- 1 min de leitura

A espontaneidade do convívio é o que realmente faz falta. Você pode programar todo o seu dia, escolher as melhores tarefas para fazer, as melhores séries para ver ou se dar um momento de folga e, mesmo assim, vai sentir um vazio. Um vazio chamado “falta de gente”.
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Existem situações que só o convívio é capaz de te dar: uma risada inesperada no meio de uma conversa, a alegria de ver uma criança brincando com seu cachorro durante um passeio, uma notícia que o seu porteiro te conta e, sem nenhuma expectativa, transforma o seu dia. E o que mais? Já parou para pensar que tudo o que temos pode ter certo valor, mas o que faz falta é o que mais pesa?
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Talvez seja por isso que buscamos o que não temos e assim acabamos criando o verdadeiro movimento na vida. Se pararmos de querer o que não temos, também paramos de andar. Mesmo dando importância para o que já está aqui, sentimos a necessidade de tapar um buraco interior que só a falta faz.
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Hoje, uma pandemia tira de nós a espontaneidade do convívio, e é justamente o que estamos mais ansiosos para voltar a ter. Tudo gira ao redor da vontade de voltar. Voltar a ter uma rotina tranquila do lado de fora, voltar às casualidades, voltar a esbarrar com a sorte, com o desencontro ou com o acaso. Inclusive, saudade do acaso.
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Hoje, tudo o que precisamos, e desejamos, é voltar a andar nos caminhos invisíveis da convivência.
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(foto e texto: @camilabattaglia )
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