Sorvete de creme com batatas
- Camila Battaglia
- 2 de ago. de 2020
- 2 min de leitura

Em uma cafeteria com a luz baixa e uma música italiana de fundo, você pede um chá com biscoitos. Da xícara sai fumaça e quando você a toca, sente a ponta dos dedos esquentando. Você traz a xícara para mais perto e respira o vapor delicado e perfumado do chá. Morde um dos biscoitos e a sua boca imediatamente diz para todo o seu corpo o quanto aquela sensação é incrível. Você bebe o chá e automaticamente a intensidade daquele momento cresce, mas também traz uma percepção diferente.
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O chá é quente e suave. Já os biscoitos, são crocantes e doces. Essa mistura leva o seu corpo a uma explosão interna que te transmite uma certeza e uma segurança de que aquilo realmente te faz bem.
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Assim, deveria acontecer o amor.
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Nosso corpo foi milimetricamente pensado para receber estímulos externos e, com isso, termos a capacidade de perceber o que é ou não é bom, o que é ou não é gostoso, o que nos faz vibrar e o que também não faz.
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É assim que o corpo e a alma dançam.
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Mas aí, as ponderações chegam. E, mesmo com todos os sentidos dizendo que aquela pessoa que você conheceu não te faz vibrar por dentro, a gente reflete, se questiona, analisa e se força a aceitar, na maioria das vezes, sensações pela metade ou até a falta delas. Sua experiência passa de um chá com biscoitos em uma moderna cafeteria para um almoço apressado no meio do expediente, o que vai te alimentar, mas não vai te fazer feliz.
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Se eu posso tirar um conselho dessa pouca experiência que carrego até o momento desse texto e dividi-lo com você, eu diria: chega de almoço apressado no meio do dia, os amores podem ser mais chá com biscoitos ou, ainda mais explosivos e intensos, como um grande sorvete de creme com batatas fritas. O nosso corpo está totalmente equipado para nos dar as respostas certas e o nosso trabalho é simplesmente aprender a percebê-lo.
(foto e texto: @camilabattaglia )
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