top of page

Autossufocamento

  • Foto do escritor: Camila Battaglia
    Camila Battaglia
  • 1 de mai. de 2020
  • 2 min de leitura

Eu imagino que ser literalmente sufocado por alguém deve ser uma situação bem dolorosa (e doida). De uma maneira menos violenta, ser figurativamente sufocado por alguém também é uma situação extremamente irritante. Como aquela pessoa que não para de te mandar mensagem para falar do mesmo assunto ou aquela que vive te cobrando responsabilidades que você nem queria ser cobrado. Mas o autossufocamento, de todas as modalidades, é o pior. Nele você faz a sua própria pressão, a sua própria angústia e a sua própria prisão. A partir do momento em que nega a sua própria vontade, você a soterra embaixo das próprias armadilhas: “mas é assim que tem que ser”, “eu tenho que fazer isso”, “essa é a única maneira”, “eu aguento”, “não tem jeito, precisam de mim”; ou pior: “primeiro eu resolvo isso, depois eu vejo como fico”. E cada vez que você interpreta esse papel, a corda no seu pescoço aperta mais forte e com mais sofrimento porque quem segura ela é o seu coração. Você sente que dói, mas faz o que acha que precisa. E lá no fundo, todas às vezes, você sufoca o seu próprio pedido de socorro: “não era isso que eu queria”, “não era aqui que eu queria estar”, “o que tô fazendo com essa pessoa?”. Então eu te dou uma pouco da minha esperança e te digo que esse papel não é trágico. O autossufocamento, uma vez reconhecido, aperta mais do que nunca. Quanto mais você olha para ele, mais sente a vontade de tirar a corda do pescoço. Até que um dia você tira e se autoliberta. A partir desse momento, o seu mundo vai ser visto com uma clareza que você nem lembrava que existia. Finalmente você vai conseguir respirar de novo. Então, olha para você agora. Quantas cordas te apertam?

 
 
 

Comentarios


bottom of page