Riqueza
- Camila Battaglia
- 18 de jun. de 2020
- 2 min de leitura

Hoje eu quero contar uma história. Uma vez eu estava no metrô indo para a faculdade, depois de um dia inteiro de trabalho, quando um músico entrou no vagão e disse: “eu estou aqui pela minha arte, essa é a maneira como eu ganho dinheiro. Então se vocês se sentirem a vontade, no final do show eu vou passar o meu chapéu”. Mas isso não entrava na minha cabeça. Por que ele não arranjava um emprego e tocava nas horas vagas? Por que ele não buscava por mais dinheiro? Por que aquilo era suficiente? Não fazia o menor sentido para mim. Mas um ano se passou, eu segui com a minha vida, sai do meu emprego, busquei por saúde mental e decidi terminar os cinco meses que faltavam de faculdade sem trabalhar. Cada dia com mais tempo, era um dia que eu mergulhava mais em mim. Fui a fundo nos meus valores, nas ideias que me moviam, nos sentimentos que eu queria e os que eu não queria para a minha vida. Depois de um ano e meio de jornada para dentro, posso dizer que agora eu vejo o músico de uma maneira diferente. Naquela época, o dinheiro e a ambição eram minhas moedas de troca. Meu mundo orbitava em torno deles e nada tinha tanto valor. Mas naqueles cinco meses depois, eu reencontrei o prazer de tomar café da manhã com calma, de escrever o que eu sentia e não o que eu precisava, de andar pela rua olhando o mundo ao meu redor e conseguindo reparar nos pequenos movimentos da vida. Eu reencontrei paz, equilíbrio e inspiração. A partir daí, a minha moeda central se dividiu em muitas outras e tudo fluiu com mais carinho e saúde. Acreditem: a vida é um banco infinito de moedas que carregam diferentes riquezas, mas elas só estão acessíveis para quem quer vivê-las. Então, eu termino perguntando: até quando você vai carregar uma única moeda de troca? . (foto e texto: @camilabattaglia )
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